Professora Natália Craveiro

Professora Natália Craveiro

A Cor

TEXTO:
SOUSA, Susana, LOBO, Rui & RODRIGUES, Francisco. (2006). Visualizar: Educação Visual 3.º Ciclo. Lisboa: Texto Editores.


A cor é um dos elementos estruturantes da linguagem plástica sobre os quais mais estudos teóricos e práticos se têm produzido.
Apesar disso, é porventura o de mais difícil utilização na expressão plástica.
A cor pode ser descrita de forma objectiva nos domínios da física, da química e da fisiologia. Do ponto de vista fisiológico, a “cor” é a sensação de luz transmitida ao cérebro através dos olhos. Esta luz consiste em ondas de energia radiante que se movimentam através do espaço físico com diferentes cumprimentos de onda.
Para que o nosso cérebro veja, é necessário que a luz “entre” no nosso cérebro através da retina.
A retina é constituída por camadas de células, entre as quais se encontram algumas mais sensíveis às emissões de energia: os cones e os bastonetes.
A função dos bastonetes é permitir a distribuição das variações de luminosidade das formas; já os cones são sensíveis às variações de comprimentos de onda nas gamas da cor vermelha, verdes e azul-violeta.

Foi Isaac Newton (1642-1727), físico inglês, o primeiro a decompor em laboratório, a luz branca nas cores de espectro visível. A luz do sol, branca, é de facto uma mistura de várias ondas de radiação com diferentes comprimentos de onda; quando atravessa um prisma óptico, é refractada (decomposta) numa gama visível de sete cores: violeta, azul-violeta, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho.

Dizemos que os objectos têm cor porque quando determinados comprimentos de onda são reflectidos, ao mesmo tempo, outros são absorvidos, o que nos permite ter a sensação de ver a cor resultante de soma dos comprimentos de onda reflectidos.
São pois as combinações diferenciadas dos vários tipos de comprimentos de onda que formam a variedade de cores que podemos observar em tudo o que nos rodeia.

O espectro visível
Para além do que podemos observar, existem muitas outras radiações da luz solar. Assim, em termos de comprimentos de onda, antes do vermelho, existem os infravermelhos, as radiações de micro-ondas, as frequências de rádio (ondas hertzianas) e as ondas da energia eléctrica. Para além do violeta, temos a luz ultravioleta, os raios-X, os raios gama e a radiação cósmica.

As cores perceptíveis não são percepcionadas da mesma forma. As cores do meio do espectro, os verdes e os amarelos, são vistos com maior facilidade do que as restantes porque são mais luminosas.

O círculo cromático
No âmbito do estudo da cor, consideram-se dois sistemas de mistura de cor: a mistura aditiva e a mistura subtractiva.
Os círculos cromáticos permitem-nos organizar estes dois sistemas em arranjos cromáticos previsíveis, em função das suas interacções.

A mistura subtractiva: Reflecte a mistura que podemos obter com a junção de cores-pigmento, ou seja, as tinas. Baseia-se num sistema de três cores ditas primárias (que geram todas as outras), o amarelo, o azul-ciano e o magenta; três cores secundárias (mistura em igual proporção de duas cores primárias), o verde, o laranja e o violeta; e de três cores terciárias (mistura em igual proporção de uma cor primária com a cor secundária que se encontre ao lado desse no círculo cromático).
A mistura das três cores primárias leva-nos a obter o preto.




A mistura aditiva: resulta da mistura que podemos fazer da soma das cores-luz, ou seja, da junção dos vários comprimentos de onda-luz. Baseia-se também num sistema de três core primárias a partir das quais se geram todas as outras: o vermelho, o verde e o azul.






Os contrastes cromáticos
Representam as diferentes possibilidades de as cores de agruparem de forma harmónica e que afectam a nossa percepção da cor.
Segundo Johannes Itten (1888-1967), pintor e teórico suíço, autor de importantes estudos sobre a cor e um dos responsáveis pela sistematização dos círculos cromáticos, os contrastes de cor são sete:

Contraste quente-frio

Contraste de quantidade

Contraste de cores complementares



Contraste sucessivo ou de simultaneidade




Contraste de qualidade

Contraste de claro-escuro



Contraste de cor em si

Os agentes da cor
Durante o primeiro quartel do século XX surgiu, primeiro em França e depois em outros países, um novo estilo de pintura a que se deu o nome de Impressionismo, e que foi considerado na sua época como verdadeiramente revolucionário.
O Impressionismo integrava um método de pintura que consistia em reproduzir pura e simplesmente a “impressão” do pintor, tal como era percepcionado. Utilizava quase exclusivamente as cores primárias e as secundárias para assim reproduzir a intensidade luminosa do momento que procuravam imortalizar, e produzir graças a pinceladas pequenas e muito próximas, um fenómeno óptico de ilusão.





CONTRASTES CROMÁTICOS